Independentemente da discussão à volta do termo sefardita, se estes seriam judeus oriundos do Sul de Espanha e do Sul de França, normalmente entende-se por sefarditas os judeus que foram expulsos de Espanha e de Portugal, a partir do reinado de D. Manuel, tendo-se refugiado na Holanda, nas cidades italianas mais influentes da época e na Turquia.
É importante realçar, como se pode ver pelos documentos da época, nomeadamente nas Tribulações de Samuel Usque, que estes homens e mulheres, apesar de todas as provações por que passaram, mantêm sempre um carinho espantoso pela pátria que os viu nascer e pela língua materna. Samuel Usque fazia questão de escrever em Português, dizendo que não podia negar a "língua que mamou". A expressão é única e só encontra paralelo em Fernando Pessoa.
A Corda de Judas Iscariotes antecipa-se a este debate e coloca a questão da nacionalidade em sentido oposto. José Mendes, depois de descobrir que é "anussim", por outras palavras, oriundo de uma família de judeus marranos obrigados à conversão, é recebido no seio da comunidade judaica de Esmirna. Trata-se de uma admissão no seio de uma comunidade religiosa. A questão agora é também de ordem política: têm estes judeus direito à nacionalidade? A pergunta é muito simples, existe nacionalidade sem um passado étnico, cultural e linguístico? Sabemos que, pela política e pela economia, basta um indivíduo dar dois pontapés numa bola para conseguir a nacionalidade portuguesa, ficamos mais ricos por isso? Restabelecemos a paz e matamos os fantasmas do passado?
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