Trata-se de uma obra que faz uma refontalização do Judaísmo em Portugal, à escala mundial e também em Trás-os-Montes.
O marco que compreende Rebordelo (que poderia ser Mirandela, Jerusalém do Romeu e tantas outras localidades de Portugal), Tripoli, Amesterdão, Genebra, Alexandria e Esmirna; leva-nos a pensar na dimensão da saga do mundo judaico, que não é apenas um povo com a pátria física, que querem construir agora com o Estado de Israel, mas uma pátria espiritual, genética e universal, que constitui o Povo Judeu.
Talvez fosse bom escalpelizar mais um pouco as raízes portuguesas com base no judaísmo e ver da sua influência na construção dos Estados Unidos, da sua influência nos Descobrimentos e do “desastre económico” em que consistiu a debandada dos Judeus ao tempo da Inquisição.
Se tal não tivesse acontecido, será que Portugal teria sido o país sempre em ruptura financeira, desde o tempo das Descobertas?
O romance histórico que constitui esta obra de Carlos Maduro poderá levar ao despertar de historiadores e investigadores para novas descobertas da vivência histórica do povo Judeu em Portugal.
Um dia um professor do ICSHT do Porto, Cón. Meireles dizia: “O povo Português é o povo mais parecido com o povo Judeu, porque sempre foi um povo em diáspora”.
Viajando pelos quatro cantos do mundo, encontramos portugueses em quase toda a parte.
O arco histórico que Carlos Maduro faz, apelando á vivência do tempo de P. António vieira, clérigo importante na Igreja, mas ao mesmo tempo, diplomata e político hábil, transportam-nos até ao presente e levam-nos a pensar se os políticos, os artistas e investigadores que temos a brilhar no estrangeiro, não poderiam notabilizar-se trabalhando no nosso país?
Será que somos um país pequeno demais para as pessoas mostrarem aquilo que valem?
Abraão Cardoso e Sara Cardoso são também o tipo de personagens que tendo a sua vida centralizada em Amesterdão e Genebra, vivem as sua raízes e partem à descoberta da portugalidade que lhes perpassa a alma e o seu código genético.
Todos nós portugueses somos assim: “O chedre está sempre a puxar para a carqueja”.
Parabéns ao autor pela obra que escreveu e votos de que traga a lume mais obras que nos façam interrogar se nós fomos grandes no passado, não poderemos ter mais uma vez hipótese na construção do nosso futuro, como pátria, como nação e como povo capaz de dar novos mundos ao mundo em “devir”.
José Sequeira
Remeto-me ao espaço do comentário para agradecer este texto sincero de um amigo. Mas este comentário torna-se tanto mais importante quanto parte dum homem da Igreja que entende duma forma perfeita o principal objectivo deste romance.
ResponderEliminarFoi escrito sem fantasmas, sem medo do passado, em atitude dialogante com todos, judeus, cristãos e até mesmo árabes. Seria bem mais proveitoso que se deixasse de remoer o passado, como aconteceu recentemente com a publicação do livor Gracia Nasi e se tentasse remediar os erros do passado.
Hoje, atrever-me-ia a dizer, talvez sejam os católicos e a Igreja os que mais respeitam o Povo Judeu e a cultura judaica.