Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A alegoria do devedor

Esta alegoria foi retirada, à letra, do sermão XIII do Rosário, do Padre António Vieira

    "Talentos antigamente significavam certa soma de dinheiro, grande; hoje os talentos significam préstimos; e posto que se lhes mudou a significação, não se variou o significado. Quem tem muito dinheiro, por mais inepto que seja, tem talentos, e préstimo para tudo; quem o não tem, por mais talentos que tenha, não presta para nada.
      E que fez o pobre criado vendo-se tomado, e convencido em tanto excesso de dívidas, e não só impossibilitado de cabedal para as satisfazer, mas condenado já pelo Rei a ser vendido, e passar da largueza, e senhorio do estado em que tanto luzia com o alheio, à miserável servidão de escravo?
      Convencido, e condenado o devedor, lançou-se aos pés do Rei, e disse-lhe estas breves palavras: Patientiam habe in me, et omnia reddam tibi [Mt 18, 26]; tende, Senhor, paciência para comigo, e eu vos pagarei tudo o que devo. Isto é letra por letra o que soam as palavras, nas quais se oculta um mistério, que descoberto é altíssimo. Parece que este homem havia de pedir misericórdia ao Rei, e não paciência; pois porque não pede misericórdia, nem perdão do que devia, senão a paciência do Rei somente, e debaixo dessa paciência lhe promete pagar toda a dívida: Patientiam habe in me, et omnia reddam tibi? Torno a dizer que falou altissimamente. Porque o Rei era Deus, o qual é incapaz de paciência, porque não pode padecer; e uma vez que Deus chegasse a padecer, e ter paciência, logo o servo tinha cabedal para lhe pagar toda a dívida, e muito mais." Sermão XIII do Rosário. Nota para a alegoria: O Rei / Deus é a Alemanha.

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