Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



segunda-feira, 28 de junho de 2010

Medina de Rioseco

   Em vésperas do importante jogo de Portugal contra Espanha, dou a sugestão dum pequeno passeio virtual por Medina de Rioseco, possivelmente terra natal de Abraão Cardozo, personagem fundamental na construção deste romance. http://www.medinaderioseco.com/index.shtml
   Os judeus sefarditas, neste capítulo, deram uma importante lição de convivência ibérica. Até onde pode ela ir é uma questão que não está completamente resolvida. Numa coisa parece não haver dúvidas, lamento não encontrar a Espanha na final e, sendo assim, por Santiago, e que percam por muitos.

domingo, 27 de junho de 2010

Artur Carlos de Barros Basto

   
   
    Pediram-me mais algumas informações acerca desta figura do capitão Barros Basto. E em tempo de clebração da República, este homem, tão conhecido entre a comunidade judaica, deveria ter uma divulgação mais efectiva entre todos nós, como exemplo de fidelidade às origens e modelo de defesa da liberdade religiosa.
      Artur Carlos de Barros Basto nasceu em Amarante a 18 de Dezembro de 1887. A mãe era uma católica devota, mas o avô deu-lhe a conhecer a descendência judaica da família e ensinou-lhe os fundamentos do Judaísmo. Em 1906 vai cumprir o serviço militar a Lisboa e começa a frequentar a sinagoga de Lisboa onde não foi inicialmente aceite. Participa nos movimentos republicanos que levaram à Revolução de 5 de Outubro de 1910.
     Em Fevereiro de 1917, parte para a Flandres, onde vai combater na 1ª Guerra Mundial. Toma clara visibilidade durante a guerra, acabando por ser promovido a capitão em 1918, com várias condecorações. Durante a  permanência em França, coloca-se em contacto com a comunidade judaica francesa, inicia um processo de conversão que termina em 1920 na admissão à comunidade judaica de Tânger, onde é circuncisado e recebe o nome hebraico de Abraão Israel Ben Rosh.
      Será depois no Porto que vai adquirir visibilidade, fundando a Comunidade Israelita do Porto em 1923 e a construção da sinagoga. Todavia, o trabalho que chamou a atenção do capitão Barros Basto para este romance nasce da referência ao seu nome, que encontrei em algumas investigações realizadas sobre as comunidades judaicas do Norte de Portugal (Bragança, Guarda, Covilhã, Pinhel, Belmonte, etc.). Barros Basto tinha efectivamente um plano de accção bem demarcado e de fundamental importância para justíssima reconstrução da nossa História. Não admira, portanto, que este trabalho, conforme se vai tornando conhecido, começa a gerar reacções anti-semitas.
      Destas acusações, e como sempre tem acontecido, na ausência de fundamentos válidos, usa-se a suspeita. A sinagoga era uma casa do diabo e Barros Basto era homossexual, pois presidia à circuncisão de jovens judeus. Estas acusações foram tão longe que chegaram a tribunal civil em 1936, sem provas. O tribunal,  porém, não deu como provadas as acusações. O mesmo sucedeu em tribunal militar, aí, mesmo sem provas, foi condenado a afastar-se do exército em 1937.
     Muito mais haveria a dizer de Barros Basto, nomeadamente as acções desencadeadas para acolher os judeus em fuga do nazismo. Acções que permitiram que fosse facilmente associado ao comunismo e de promover acções contra o Estado Novo.  Faltará a reabilitação deste homem que permaneceu expulso do Exército Português até à sua morte, em 1961.

sábado, 26 de junho de 2010

A Obra do Resgate

    A presença da Obra do Resgate e a importância do capitão Barros Basto é meramente ficcional neste romance. Torna-se, no entanto, fundamental como referência para o entendimento da perseguição aos judeus sefarditas desde os tempos da Inquisição até ao Estado Novo.  É a partir da "Obra de Resgate" que os marranos recomeçam a assumir-se como judeus, facto que não pode ignorar-se tendo em conta o clima de liberdade religiosa da Primeira República. É devido a este cripto-judeu e ao ambiente político-social que é construída a sinagoga Mekor HaimMekor Haim, na Rua Guerra Junqueiro, actualmente a única sinagoga do Porto.
     Mas este clima de liberdade também não durou muito, o capitão terá sido vítima de Oliveira Salazar. Estes factos não interessam à acção de A Corda de Judas, nem tão pouco houve investigação nese sentido. Afirma a sua biógrafa que Barros Basto foi acusado de ser homossexual, sendo afastado do seu posto nas Forças Armadas, sem direito a uma pensão. Teria sido este um dos motivos que leva a que os progressos conseguidos pela Obra de Resgate não cheguem a bom porto.  E Rebordelo, na ficção e na estória de José Mendes, continua perdido em terras de Vinhais como terra de judeus. 

quarta-feira, 23 de junho de 2010

A Corda de Judas Iscariotes

     Encontra-se já na posse da Editora Fonte da palavra o romance a Corda de Judas Iscariotes. Depois de enviada para a distribuidora, esta obra só estrá disponível nas livrarias sensivelmente na primeira semana de Julho. Nesse momento, pretende-se que este blogue esteja pronto para dar resposta a algumas dúvidas que possam decorrer desta leitura.

domingo, 20 de junho de 2010

De novo Saramago

    Não queria voltar a este tema, mas a verdade obriga. Não queria voltar pelo simples facto de apreciar o escritor, não ignorar a escrita e a simbologia saramaguiana. Não digam que não sabia escrever, que não sabia pontuar, que dava pontapés na gramática, isso arrepia-me. Contudo, também me arrepiam as afirmações dos políticos que de Literatura não percebem nada e fazem afirmações aberrantes.
    Saramago foi um romancista. Saramago não foi um escritor universalista. Saramago nunca olhou o HOMEM UNIVERSAL. Se acaso sentia dentro de si o apelo a esta dimensão verdadiramente nobre do escritor, a ideologia nunca lhe permitiu olhar o HOMEM UNIVERSAL. A prova disso foi a participação modesta dos portugueses no seu funeral. Os portugueses não foram ao funeral de Saramago, posso estar enganado, mas não o percebi nas imagens televisivas. Os portugueses admiram o escritor, mas recusaram amar o escritor. Portugal amou Amália Rodrigues e saiu à rua. Portugal não amou o homem, os portugueses não aceitaram as últimas palavras do escritor quando, publicamente, remeteu para uma "quadrilha" todos aqueles que eram baptizados.
     Torga pediu que lhe plantassem a urze em cima da tumba. A urze não precisa que cuidem dela, é planta da terra, a terra sabe cuidar dela. Saramago pediu que lhe colocassem em cima dum minúsculo monte de cinzas, de vez em quando, uma flor. Desejos tão simples e ao mesmo tempo tão diferentes. Um telúrico até ao último desejo; HOMEM até ao alimento do derradeiro verme da terra; o outro, sofisticadamente burguês.
    As minhas duas grandes paixões literárias do tesouro da Língua Portuguesa Contemporânea: Torga e Saramago. Fica a sugestão para que se entenda duma vez por todas aquilo que é um bom contador de histórias e um poeta.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

José Saramago

        Soubemos hoje que morreru José Saramago. Paz à sua Alma.
        Esta é a violência do Cristianismo que nos faz diferentes de todos os outros. Perante a morte, só temos esta resposta. Mesmo que esses outros a tivessem recusado sempre.
        De José Saramago disse tudo o que tinha a dizer. Vive a sua obra. Da minha parte agradeço-lhe O Memorial do Convento, O Ensaio sobre a Cegueira, Todos os Nomes e a Caverna. Poderiam ser outros, mas os gostos não se discutem. Olha, Saramago, um dia que adoptar um cão vadio também lhe vou chamar Achado. Afinal a vida é toda ela um achado, tudo depende da forma como a achamos.
       Desejo que se enterrem todos os machados de guerra, que a obra do artista seja estudada pelos críticos de forma objectiva, com o rigor dos estudos linguísticos e literários. O futuro dirá que lugar deve ocupar entre o nosso panteão.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Camões, donjuanismo, quinto império e Cristiano Ronaldo.

     Camões não me tem largado estes últimos dias. E não resisto a colocar mais uma estância d'Os Lusíadas. Afinal, ela responde à amálgama do título deste post.
Lionardo, soldado bem desposto,
Manhoso, cavaleiro e namorado,
A quem Amor não dera um só desgosto.
Mas sempre fora dele mal tratado,
E tinha já por firme prosuposto
Ser com amores mal-afortunado,
Porém não que perdesse a esperança
De inda poder seu Fado ter mudança.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mundial de Futebol - África do Sul

       Ainda na continuação das mensagens do poeta e a propósito da abertura do Mundial de Futebol na África do Sul, proponho a leitura de mais uma estância d'Os Lusíadas. Mais uma vez a intuição do poeta diz tudo aquilo que se queira ouvir. Neste caso, um elogio à terra de Mandela. Se as notícias falam de violência e de roubos a jornalistas, não é essa a imagem que Camões deu desta terra, particularmente da cidade do Cabo. Gente hospitaleira, o poeta diz mais humana. Ou não tivesse nascido aí a Humanidade. Alegres, supostamente sem vuvuzelas. Até o gado era manso e bem criado. Lembrei-me destes versos quando vi os nossos jogadres entre mansos leões. Vale a pena voltar a ler Camões.

A gente que esta terra possuía,
Posto que todos Etíopes eram,
Mais humana no trato parecia
Que os outros que tão mal nos receberam.
Com bailos e com festas de alegria
Pela praia arenosa a nós vieram,
As mulheres consigo e o manso gado
Que apacentavam, gordo e bem criado.
(Camões)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

10 de Junho

     Assisti de fugida aos discursos. Sempre os mesmos ao herói e ao poeta. Diria ao génio, ao visionário. Mas, por favor, parem com os lugares comuns. Os Lusíadas não são uma epopeia, nunca o foram. Os Lusíadas são um poema elegíaco como moribundo tem sido este país desde então.
     Abram os olhos, procurem as verdadeiras fontes, elas estão lá todas, mas devem ser lidas nos comentários do poeta. Senhor Presidente da República, professor Aníbal Cavaco Silva, senhor Primeiro Ministro, Engº José Sócrates, peguem no poeta, façam dele o livro de cabeceira, durmam cada noite sobre uma estância. Humildemente, proponho para o dia de hoje a seguinte, rezemos então:

Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são pera mandados,
Mais que pera mandar, os Portugueses.
Tomai conselho só de experimentados,
Que viram largos anos, largos meses, 
Que, posto que em cientes muito cabe,
Mais em particular o experto sabe.
(Camões)

Assim seja.

sábado, 5 de junho de 2010

As Monita Secreta

   A propósito da reunião de Bilderberg, da suposta ligação deste clube aos judeus do capital, ou inclusive da presença dos jesuítas por detrás deste susposto domínio do mundo e dos povos, há opiniões e gostos para todos os feitios. Impõe a seriedade científica que os mesmos não sejam tratados como normalmente é feito na maioria das publicações, insinuando verdades absolutas e dados objectivos.
   Todavia, isso não implica que o romance, enquanto espelho da sociedade o faça. Por isso, em a Corda de Judas Iscariotes, a passagem pelas Monita Secreta, documento anónimo de 1614, originalmente intitulado como "Monita privata Societatis Iesu", opúsculo destinado a dar instruções aos jesuítas sobre a maneira de alcançar o poder e as riquezas, e que tão prejudicial acabaria por ser à imagem da Companhia, pertence ao espaço do verosímil. Não passando além de uma engenhosa recriação da forma como o opúsculo poderia ter chegado a um importante grupo do Judaísmo Sefardita. Note-se, contudo, que a passagem do possível autor polaco das Monita pela Turquia não é de desprezar e tem um rigor histórico aceitável. Voltaremos a este assunto.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Clube Bilderberg

      Paulo Rangel cumpre a regra do segredo a que são obrigados os convidados do encontro anual do Clube Bilderberg, que decorre a partir de hoje e até domingo em Sitges, um dos mais importantes destinos turísticos da Costa de Barcelona, em Espanha. O eurodeputado do PSD é um dos eleitos portugueses presentes este ano, tal como o ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, ambos indicados pelo presidente da Impresa e fundador do PSD, Francisco Pinto Balsemão.
      Contactado ontem pelo i, Rangel apenas confirma que estará presente no selecto clube, que reúne chefes de Estado e de governo, mas também outros dirigentes políticos e empresariais de todo o mundo, com especial incidência na Europa, Estados Unidos e Canadá. O convite de Pinto Balsemão a Paulo Rangel coincidiu com as directas para a liderança do PSD, em Março deste ano. O eurodeputado lembra a regra de sigilo de todos os convidados.
      José Medeiros Ferreira é um histórico dos encontros. Como diz ao i, esteve presente em duas ocasiões, "primeiro em 1997, como ministro dos Negócios Estrangeiros; depois, por gentileza, em 1980". Medeiros Ferreira afasta as "teorias da conspiração" que correm na internet sobre as reuniões do clube Bilderberg - e que incluem até um livro sobre o assunto, com um nome que diz quase tudo: "Clube Bilderberg - Os Senhores do Mundo". A regra do sigilo, explica o ministro dos Negócios Estrangeiros do I Governo Constitucional, serve "para as pessoas falarem à vontade, sem a pressão da comunicação social ou as intoxicações da propaganda".
     Medeiros Ferreira revela ao i, "pela primeira vez", que depois de estar presente no encontro, os responsáveis do Clube Bilderberg lhe pediram "uma lista de pessoas que correspondessem ao alto perfil desejado" e que pudessem ser mais tarde convidados. "Dei os nomes do dr. Balsemão e do professor Marcelo Rebelo de Sousa, entre outros." Como é público, Francisco Balsemão é desde 1988 membro permanente do clube, para o qual convida todos os anos outros dois portugueses, quase sempre provenientes dos dois maiores partidos, PSD e PS.
      No ano passado foram convidados o presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, e a então líder do PSD, Manuela Ferreira Leite. António Barreto em 1992, Durão Barroso em 94, Joaquim Ferreira do Amaral em 99, António Guterres em 1995 ou Vítor Constâncio em 1988, são outros dos portugueses presentes a convite de Balsemão. Todos eles em ocasiões em que já ocupavam - ou estavam prestes a ocupar - altos cargos a nível nacional ou internacional.
       Reservado o direito de admissão Mira Amaral já nem se lembra da data em que foi convidado "há 15 anos, ou mais, com a dra. Maria Carrilho do PS pelo dr. Balsemão" para um encontro do grupo Bilderberg. Mas era então ministro da Indústria de Cavaco Silva e participou em 1995, exactamente há 15 anos, quase no final do segundo governo, numa altura em que o primeiro-ministro mantinha ainda o célebre "tabu" sobre a sua primeira corrida a Belém, contra Jorge Sampaio.
      Em declarações ao i, o economista compara os encontros anuais de Bilderberg com as cimeiras de Davos "mas à porta fechada". Por isso, acrescenta, "e só por isso é menos visível, mas não tem nada de conspirativo ou de secreto". Lembra--se que foi um "excelente encontro social num hotel e num palácio magnífico na Suíça". Porém, não considera que faz parte do "grupo restrito das elites que se reúnem todos os anos. Se fizer parte de algum grupo, é do grupo de amigos do dr. Pinto Balsemão."
      Apesar de contactado pelo i, o presidente da Impresa manteve-se indisponível até ao fecho desta edição.
     Teorias da conspiração Não faltam teorias da conspiração sobre a influência deste grupo tão especial nos mais diversos acontecimentos nacionais e internacionais. Difundidas na internet sobretudo por grupos extremistas, à direita ou à esquerda, fala-se mesmo da "mão invisível" do Clube Bilderberg no 25 de Abril. O golpe de Estado que implantou a democracia em Portugal é referida também na cronologia da revolução realizada pelo Centro de Documentação 25 de Abril da Universidade de Coimbra.
     Na longa cronologia, escreve-se que no dia 19 de Abril de 1974 se realizou na localidade de Megève, em França, "a reunião anual do Clube de Bildelberg - clube em que tomam assento os mais influentes representantes da alta finança mundial". Ali, ainda segundo o relato, "estão presentes, entre outros, Joseph Luns, secretário-geral da NATO".
      De acordo com o documento da Universidade de Coimbra, os convidados presentes em Megève, tomaram "conhecimento da iminência de alterações políticas em Portugal", decidindo "não contrariar a evolução dos acontecimentos", uma vez que acreditavam que "a mudança política poderia conduzir ao liberalismo económico". A presença do holandês Joseph Luns nessa reunião, sublinha-se, "poderá ter determinado o comportamento da NATO no desenrolar do golpe militar de Lisboa".
      Mais recentemente, foram difundidas na internet queixas do autor do livro "Clube Bilderberg - Os Senhores do Mundo", dirigidas "a todos os bloggers portugueses a pedir ajuda". Segundo Daniel Estulin, o livro estaria a ser perseguido e censurado em Portugal: "Têm medo que este se torne num fenómeno mundial. De facto, está a tornar-se num fenómeno mundial, uma vez que foi editado em 28 países e em 21 línguas." Mais: "Esta carta é um pedido de ajuda. Por favor enviem-na a qualquer pessoa disposta a lutar pela liberdade de expressão."


 

     Nota: Bilderberg em "A Corda de Judas Iscariotes" não passa de uma chave da ficção que estabelece a ponte entre o passado e o "Quinto Império de Hoje. " Nada neste romance, no que se refere a Bilderberg, vai além da ficção. Esperemos, por isso, que o romance não venha a entrar no círculo das obras proscritas. Caso contrário, seria levado a crer que forças ocultas manobrarm nos bastidores para que este romace tenha entrado na lista das calendas gregas para publicação.  
    

Capa Final


Não sofreu muitas alterações, mas retoques de pormenor que são demonstrativos do cuidado e do carinho com que está a ser pensada esta publicação.