Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



domingo, 20 de junho de 2010

De novo Saramago

    Não queria voltar a este tema, mas a verdade obriga. Não queria voltar pelo simples facto de apreciar o escritor, não ignorar a escrita e a simbologia saramaguiana. Não digam que não sabia escrever, que não sabia pontuar, que dava pontapés na gramática, isso arrepia-me. Contudo, também me arrepiam as afirmações dos políticos que de Literatura não percebem nada e fazem afirmações aberrantes.
    Saramago foi um romancista. Saramago não foi um escritor universalista. Saramago nunca olhou o HOMEM UNIVERSAL. Se acaso sentia dentro de si o apelo a esta dimensão verdadiramente nobre do escritor, a ideologia nunca lhe permitiu olhar o HOMEM UNIVERSAL. A prova disso foi a participação modesta dos portugueses no seu funeral. Os portugueses não foram ao funeral de Saramago, posso estar enganado, mas não o percebi nas imagens televisivas. Os portugueses admiram o escritor, mas recusaram amar o escritor. Portugal amou Amália Rodrigues e saiu à rua. Portugal não amou o homem, os portugueses não aceitaram as últimas palavras do escritor quando, publicamente, remeteu para uma "quadrilha" todos aqueles que eram baptizados.
     Torga pediu que lhe plantassem a urze em cima da tumba. A urze não precisa que cuidem dela, é planta da terra, a terra sabe cuidar dela. Saramago pediu que lhe colocassem em cima dum minúsculo monte de cinzas, de vez em quando, uma flor. Desejos tão simples e ao mesmo tempo tão diferentes. Um telúrico até ao último desejo; HOMEM até ao alimento do derradeiro verme da terra; o outro, sofisticadamente burguês.
    As minhas duas grandes paixões literárias do tesouro da Língua Portuguesa Contemporânea: Torga e Saramago. Fica a sugestão para que se entenda duma vez por todas aquilo que é um bom contador de histórias e um poeta.

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