Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



domingo, 27 de junho de 2010

Artur Carlos de Barros Basto

   
   
    Pediram-me mais algumas informações acerca desta figura do capitão Barros Basto. E em tempo de clebração da República, este homem, tão conhecido entre a comunidade judaica, deveria ter uma divulgação mais efectiva entre todos nós, como exemplo de fidelidade às origens e modelo de defesa da liberdade religiosa.
      Artur Carlos de Barros Basto nasceu em Amarante a 18 de Dezembro de 1887. A mãe era uma católica devota, mas o avô deu-lhe a conhecer a descendência judaica da família e ensinou-lhe os fundamentos do Judaísmo. Em 1906 vai cumprir o serviço militar a Lisboa e começa a frequentar a sinagoga de Lisboa onde não foi inicialmente aceite. Participa nos movimentos republicanos que levaram à Revolução de 5 de Outubro de 1910.
     Em Fevereiro de 1917, parte para a Flandres, onde vai combater na 1ª Guerra Mundial. Toma clara visibilidade durante a guerra, acabando por ser promovido a capitão em 1918, com várias condecorações. Durante a  permanência em França, coloca-se em contacto com a comunidade judaica francesa, inicia um processo de conversão que termina em 1920 na admissão à comunidade judaica de Tânger, onde é circuncisado e recebe o nome hebraico de Abraão Israel Ben Rosh.
      Será depois no Porto que vai adquirir visibilidade, fundando a Comunidade Israelita do Porto em 1923 e a construção da sinagoga. Todavia, o trabalho que chamou a atenção do capitão Barros Basto para este romance nasce da referência ao seu nome, que encontrei em algumas investigações realizadas sobre as comunidades judaicas do Norte de Portugal (Bragança, Guarda, Covilhã, Pinhel, Belmonte, etc.). Barros Basto tinha efectivamente um plano de accção bem demarcado e de fundamental importância para justíssima reconstrução da nossa História. Não admira, portanto, que este trabalho, conforme se vai tornando conhecido, começa a gerar reacções anti-semitas.
      Destas acusações, e como sempre tem acontecido, na ausência de fundamentos válidos, usa-se a suspeita. A sinagoga era uma casa do diabo e Barros Basto era homossexual, pois presidia à circuncisão de jovens judeus. Estas acusações foram tão longe que chegaram a tribunal civil em 1936, sem provas. O tribunal,  porém, não deu como provadas as acusações. O mesmo sucedeu em tribunal militar, aí, mesmo sem provas, foi condenado a afastar-se do exército em 1937.
     Muito mais haveria a dizer de Barros Basto, nomeadamente as acções desencadeadas para acolher os judeus em fuga do nazismo. Acções que permitiram que fosse facilmente associado ao comunismo e de promover acções contra o Estado Novo.  Faltará a reabilitação deste homem que permaneceu expulso do Exército Português até à sua morte, em 1961.

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