Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Povo de emigrantes hoje como dantes

Em ano de Prémio Pessoa dado a Eduardo Lourenço, só resta mesmo aconselhar uma leitura atenta do Labirinto da Saudade, nomeadamente naquilo que a Camões diz respeito, diria melhor, naquilo que os portugueses conseguem ler tanto na obra como na personalidade do poeta da nação.
Esta pequena introdução ajudará a entender onde quero chegar. Acho uma piada formidável a estas homenagens, no caso merecida, mas que passam ao lado do pensamento dos homenageados. Nem interessa saber se eles realmente acreditaram ou ainda acreditam naquilo que escreveram; interessa, sim, saber que deduções provocaram nos seus leitores e é, neste ponto, que Eduardo Lourenço pode e deve ser considerado um dos nossos melhores pensadores.
Cá para mim, continua a ser estruturante a forma como olha um país bacoco completamente hipnotizado por uma figura e obra míticas que são Camões e "Os Lusíadas." Uma terra de ninguém, na medida em que parece não pertencer aos portugueses, mas de um grupo de senhores que, quando a coisa não vai cor-de-rosa, acenam com glória do passado e simpaticamente apelam ao põe-te a frosques.
Ora, repito, cá para mim, o herói d' "Os Lusíadas" não é Vasco da Gama. Basta conhecer um bocadinho das regras clássicas a respeito do herói épico para entender que este Gama é outra figura. O herói de "Os Lusíadas", na verdade, é O Velho Restelo. E ainda não vi, até à data, ninguém a defendê-lo.
Sem presunção, apesar dos meus 49 anos, aqui estou ao lado do homem que continua esquecido. É altura de, uma vez por todas, nos deixarmos destas ideias da glória de mandar e da vã cobiça de que é lá fora que vamos encontrar o nosso sucesso enquanto povo. Tretas... Não somos mesmo os melhores cientistas, nem os melhores empresários, nem os melhores padeiros da Venezuela. Seremos, quando muito, iguais aos outros povos.
Até à data, só conseguimos ser os primeiros na África pelo simples facto de que, em terra de cegos, quem tem um olho é rei.

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