Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



sábado, 13 de março de 2010

José Nasi


José Nasi, como é referido no romance da "Corda de Judas", teve mais do que um nome e títulos, os mais conhecidos são os de José Micas, José Miquez, João Miguéz e de Duque de Naxos (1566-1579).
Penso, no entanto, que a fama lhe advém do facto de ser sobrinho de Gracia Nasi. A fazer fé nos nados biográficos, nasceu por volta de 1510, facto que anula, de certa forma, a diferença em relação a Gracia, ela tia e ele sobrinho.

O envolvimento deste judeu marrano português com os homens das finanças da época ficou também muito documentado, donde sonde sobressai Diogo Nasi e o famoso banqueiro Abraham Benveniste. Em qualquer dos casos, todos os documentos apontam para uma extrema habilidade na aproximação às pessoas influentes das diversas cortes.

Depois disso, o percurso de José acaba por ser também o da tia, com momentos de proximidade e de afastamento, esta é uma das intrigas que perpassa o romance de "A Senhora" e que vai muito para além dos factos históricos. De qualquer das formas, a presença de José Nasi é importante em momentos históricos do conhecimento geral, nomeadamente nos acontecimentos conturbados de Veneza, que levam à fuga dos judeus em 1550.

Das investigações realizadas neste romance, terá sido nesta derradeira fuga da Itália e a entrada no Oriente, com o apoio dado pelo sultão Suleimão, o magnífico, que a movimentação da família Nasi começa a demonstrar interesse pelas questões religiosas. A chegada a Istambul, em 1553, depois de quase dois anos de complicadas negociações para reaverem os bens, marca definitivamente a ruptura com o Cristianismo. Deixava assim de ser João Míguez e passava a ser Joseph Nasi, casando-se com a prima Reina, filha de Gracia.

É na aproximação à corte do Sultão que José joga um outro trunfo, na luta dos herdeiros ao trono de Suleimão, José toma o partido de Selim contra Baiezid, acabando por recolher redobradas honrarias. Entre cargos como os de guarda de honra do sultão, interessa para o entendimento da "Corda de Judas Iscariotes" a posse dos feudos da Palestina, donde sobressaía Tiberíades e outros lugares santos fundamentais para o desenvolvimentos do espiritualismo judaico e da cabala.

À História compete falar de Nasi enquanto governante, que parece não ter sido mau de todo, a fazer fé nas medidas administrativas que tomou enquanto Duque de Naxos. Hábil negociador, a ele recorreram importantes príncipes da cristandade, Maximiliano II, Guilherme d'Orange, Segismundo II da Polónia. Os últimos anos e os últimos dias de Nasi são os que mais interrogações levantam. A morte de a 2 de Agosto de 1579 é simultaneamente a morte do ducado de Naxos. A herança do Império Nasi, neste caso concreto, do império José Nasi acabava por ser efectivamente a "Corda de Judas Iscariotes".
A referência a José Nasi surge nas principais histórias do Judaísmo sefardita, sobressai na passagem pela corte de Istambul o livro de Norman Rosenblatt, Joseph Nasi, court favorite of Selmim II, University of Pennsylvania, 1957.

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