Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



segunda-feira, 1 de março de 2010

Carta aberta à Leya


Ex.mos(as) Senhores(as)



Concorri ao 1º Prémio Leya de 2008 com o pseudónimo de Sebastião José, com o romance intitulado “O Quinto Império do Mundo”. A obra foi devidamente recepcionada e colocada a concurso, conforme a informação prestada por email com data de 1 de Outubro de 2008.
Ainda do dia 14 de Outubro, após saber o nome do vencedor, enderecei um email à Leya, colocando uma questão muito concreta. Tendo o meu romance como uma das personagens o Pe António Vieira, era do meu interesse publicá-lo durante as comemorações do ano Vieirino, pelo que interpelava a editora acerca do eventual interesse na respectiva publicação.
No dia 15 de Outubro, à tarde, recebi um telefonema da Leya, informando que o meu romance tinha sido um dos oito finalistas. Facto que me deixou muito satisfeito, como seria de esperar, tendo em conta a dimensão deste concurso e as obras envolvidas. Era ainda informado de que a editora tinha interesse nesta publicação e de que seria depois contactado para as respectivas formalidades. Neste telefonema, voltei reforçar o meu empenho na publicação dentro do ano Vieirino. Com efeito, o romance andava a ser amadurecido com essa finalidade, e este concurso tinha apressado a decisão de o escrever.
Foi com alguma desilusão que vi passar os meses sem que tivesse recebido qualquer contacto para além deste telefonema. Sensivelmente em meados de Abril, contactei novamente a Leya, na pessoa da Editora Maria Dulce Reis e fui então informado de que o meu livro teria sido entregue ao cuidado da Editora Maria da Piedade Ferreira, para ser publicado pela editora Oceanos.
Contactei a Dra Maria da Piedade, que confirmou esta informação, mostrando inclusive interesse num contacto pessoal para acertar pormenores em relação ao texto. Em 9 de Novembro, enderecei por escrito um pedido de informação formal acerca da publicação em causa. Acontece, contudo, que até ao momento, nada me foi explicado de forma clara e concreta, facto que me levou a solicitar telefonicamente, no dia 17 de Fevereiro, a minha intenção de desistir desta publicação.
Analisando agora os acontecimentos, ocorrido cerca de um ano e meio, permito-me retirar conclusões acerca da postura do grupo editorial em relação ao Prémio Leya. Em primeiro lugar, a Editora correu um risco louvável de avançar com um prémio baseado numa prova cega, mas contrapõe-lhe uma reserva mental que em nada dignifica um grupo editorial desta dimensão. Efectivamente, só a minha boa-fé em relação a uma empresa desta importância permitiu que não tivesse desconfiado, desde o início, do incómodo no envio do contrato para a publicação. Se o “Quinto Império do Mundo” despertou o interesse enquanto foi lido sob pseudónimo; o mesmo não sucedeu quando foi aberto o anonimato.
Se observarmos alguns dos sinais que o Prémio Leya tem demonstrado, verificamos que se assiste a uma sombra sobre quem são os seus finalistas. A justificação parece-me simples, por um lado esconde alguns dos nomes consagrados das editoras do grupo, que podem não querer que as suas obras sejam vistas como rejeitadas para o primeiro prémio. Assim se entende a rápida publicação de uma das obras finalistas de autor nacional, onde não é referido este facto; por outro lado, permite eliminar, pelo cansaço, o autor que, pelas mais variadas razões, não tem interesse comercial.
Em segundo lugar, permite contradizer um dos princípios que este grupo editorial defende ao instituir este prémio: "apoiar os autores que escrevem em Português e contribuir para a sua maior difusão na área geográfica da língua portuguesa e em todo o mundo”. O princípio também é aparentemente louvável, mas até à data ainda não apresentou qualquer obra de escritor nacional. Por outras palavras, pode o Prémio Leya servir aos escritores brasileiros e moçambicanos, da produção nacional ainda não se viu nada, ou por manifesta falta de qualidade dos concorrentes, por indiferença dos escritores nacionais por este prémio, ou então pelo simples facto de que possui como única intenção a publicidade e os fins comerciais.
Por fim, uma terceira conclusão, prende-se com a arrogância absoluta de um grupo editorial sobre um concorrente que dá os primeiros passos na escrita. Um entre tantos que enchem as editoras de manuscritos e tentou, através de uma prova cega, uma avaliação que julgava ser a mais justa, tendo sido um dos oito seleccionados entre 448 obras a concurso. Teve como resposta um ano e meio de indiferença pelo homem, pelo livro e pelo assunto. Recebeu ainda o tratamento que considera inqualificável em relação a qualquer cidadão que tem o currículo que merece a maior das respeitabilidades: o cumprimento de todos os seus direitos e deveres. Acrescentaria, Homem de Palavra e, por isso mesmo, implacável na forma como a vê tratada.

Carlos Maduro

1 comentário:

  1. Olá amigo Carlos, Li sua carta, estou participando do prêmio Leya e preoculpei-me com sua história, sou brasileira, participo do projeto pontes culturais, que tenta incessantemente romper as barreiras entre escritores nacionais e editoras internacionais.
    Além de promover concursos, mas acho que sua critica foi merecida, não se trata um escritor com descaso, pois uma obra além de armazenar esperanças, precisa de respostas concretas.
    Att
    Izabelle Valladares

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