Este Blogue não tem como finalidade apresentar um trabalho científico sobre o Judaísmo, a cabala ou o Quinto Império. Destina-se unicamente a servir de suporte ao entendimento generalizado das principais figuras deste romance e aos locais onde o mesmo se desenvolve.



terça-feira, 12 de outubro de 2010

Aníbal Pinto de Castro

   Faleceu na passada Sexta-Feira o Doutor Aníbal Pinto de Castro. Tinha 72 anos e era um jovem, por isso surpreendeu a todos quantos eram seus amigos e que, juntamente com ele, se recusavam a aceitar a doença.  Poderia colocar neste blogue mais um dos textos que se multiplicam na net, copiados e recopiados, o mestre de todos nós merece bem mais do que isso.
     Para além de se dizer que publicou duas centenas de trabalhos ou que tinha um currículo com mais de duzentas páginas, é importante referir que, enquanto teve forças, nunca recusou um trabalho. O último era o do Dicionário da Academia das Ciências com o novo Acordo Ortográfico. Há meses dizia-me ele, ó Maduro, já vou na letra E, o secretário dele respondia, o senhor vai na letra A, na letra E vou eu.
     O Doutor Aníbal Pinto de Castro era um homem sábio no mais completo sentido da palavra, gostava de  passar os seus conhecimentos aos outros. Contagiou-me aquando da orientação da minha tese de mestrado, já lá vão dez longos anos, e a partir daí fiquei seu amigo. A todos recebia em casa e patilhava a mesa através dos carapauzinhos de que tanto gostava, fosse com um simples aluno ou com o Senhor D. Duarte, Duque de Bragança.
     Junto dele havia sempre motivo à boa disposição. Mesmo achacado pelas dores, tinha sempre uma história para contar, uma anedota ou gracejo. Era antes de tudo um homem alegre, que impressionava pela aparência, mas a quem todos acabavam por admirar pela sua humanidade. O país perdeu mais um dos grandes professores da Universidade em Portugal. Eu perdi um amigo, perdi também a pessoa que mais confiou em mim para além daqueles que me são muito próximos. Perdi o mestre que me acompanhou ao longo de muitos anos, sem nunca ter uma palavra de desagrado quando o visitava ou lhe telefonava, normalmente para pedir um conselho ou ler algum dos meus trabalhos, fossem académicos ou mesmo de ficção, como aconteceu com a Corda de Judas Iscariotes. 
      O Doutor Aníbal Pinto de Castro estava nomeado para fazer parte do júri da minha tese de doutoramento como orientador, mais uma entre tantas, não sendo a única que tinha entre mãos. Para os cristãos a vida não acaba com a morte, sabemos que vai estar presente para nos orientar a todos. No meu caso, num tema pelo qual tinha especial preferência, a retórica e o Pe António Vieira. Paz à sua alma, convicto de que continua a partilhar a alegria com que a todos nos brindou.       

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